Actualidade: Liedson e Paulo Assunção - Os «novos portugueses»… por Joaquim Rita


O tremendo pisão (6-2) sofrido pela selecção, na passada semana, na sua folclórica viagem ao Brasil, como que acrescentou urgência à discussão do processo de importação de novos jogadores brasileiros para a «equipa de todos nós», com Liedson e Paulo Assunção como os novos (potenciais) candidatos a seguirem as pisadas de Deco e Pepe.



Não por preconceito, mas, talvez, por uma desajeitada e empedernida forma de pensar «à antiga portuguesa», nunca concordei com essa abertura, apesar de considerar Deco como o mais insubstituível dos jogadores da nossa selecção, mesmo à frente de Ronaldo. Neste plano, importa clarificar dois aspectos:

- o indiscutível acréscimo de qualidade trazida pelos novos portugueses à selecção;

- a inevitável descaracterização da «nossa equipa» face ao progressivo aumento de novos portugueses.

Nesta valoração há como que um conflito entre a conveniência decorrente do valor acrescentado por essas aquisições e o sentimento romântico do conceito de selecção portuguesa. Penso à moda antiga, com tudo o que isso me tem trazido de dissabores…

A pobreza da exibição portuguesa no «Bezerrão» pode ter feito acelerar o caderno de encargos face a duas realidades:

- a qualidade das respostas de vários jogadores – só deles?... – pouco menos do que impróprias para consumo da selecção;

- as possíveis vantagens produtivas da selecção resultantes da integração de Liedson e Paulo Assunção.

(Já agora: não se descobre também um defesa esquerdo, passível de ser chamado?)

Respeito os que pensam de forma diferente, mas deixem-me persistir nesta teimosia romântica de admitir que uma selecção que integrasse Pepe, Deco, Paulo Assunção e Liedson (ou mais…) só por simplificação linguística ou comodismo sentimental se lhe poderia chamar de Portugal. E também não me parece que o assunto se resolva apenas em função da vontade expressa pelos próprios jogadores em representarem a selecção portuguesa, mesmo que digam que já sabem o hino nacional na ponta da língua – e, se não soubessem, Carlos Queiroz ensiná-los-ia, a exemplo que já fez, há alguns anos, noutros escalões.

Não me parece que a ambição competitiva justifique certo tipo de expedientes, que, não sendo rascas, estão menos dotados de paixão. E a selecção será sempre um refúgio de sentimentos. Coisas da alma… Fonte RTP por Joaquim Rita

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