Actualidade: Médico antidoping insultado por Queiroz foi da FPF



Clínico com 15 anos de experiência a controlar dopagem também acompanhou Polícia Judiciária em busca a ciclistas da LA-MSS. Advogado do técnico recusa comentar o caso.

O médico que Carlos Queiroz terá insultado na Covilhã quando a equipa da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) se preparava para efectuar o primeiro controlo antidoping à selecção (a 16 de Maio), antes do Mundial de futebol da África do Sul, já pertenceu aos quadros da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

José Madeira Rodrigues da Silva, assim se chama o médico, esteve também envolvido na investigação da Polícia Judiciária (PJ) à equipa de ciclismo LA-MSS, tendo acompanhado os agentes quando estes efectuaram buscas na sede da equipa - na Póvoa de Varzim - e testes surpresa aos atletas. Exames estes muito contestados durante o julgamento do director desportivo da equipa, Manuel Zeferino, e do médico Marcos Maynar, que alegaram não terem sido cumpridos alguns requisitos na operação.

A contestação só em parte se repetiu no Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), organismo máximo da justiça desportiva que está habituado a decidir casos de doping e que condenou João Cabreira, campeão nacional de estrada em 2008 com a camisola da LA-MSS, por ter usado uma protease para manipular o resultado do controlo feito por José Madeira da Silva no dia das rusgas da PJ àquela equipa.

Na argumentação escrita, apresentada no TAS pela mesma advogada que representou Zeferino perante o Tribunal da Póvoa de Varzim (Marina Albino) foi contestada a cadeia de conservação das amostras até estas chegarem ao laboratório antidopagem de Madrid (alegações que o tribunal não considerou provadas e que, caso tivessem acontecido, até poderiam favorecer o corredor no resultado dos exames porque as proteases na urina se iriam deteriorar) e alguns pontos do controlo feito por José Madeira da Silva.

Mas no formulário assinado pelo ciclista aquando do controlo, este “não fez reparos ou contestações quanto ao desenrolar ou à qualidade da operação”. E “durante a sua audição, o atleta indicou que estava satisfeito pela maneira como a recolha [das amostras] decorreu, que não tinha nada de anormal a apontar e que não tinha qualquer reparo particular a fazer ao oficial antidopagem”.

Perante o tribunal arbitral, José Madeira da Silva garantiu que o teste a João Cabreira se desenrolou sem ?sobressaltos nem contestações?, que a recolha de amostras foi feita ?dentro das regras?, descrição que foi aceite como a correcta pelo TAS, não a argumentação escrita da defesa de Cabreira.


15 anos de experiência

O agora elemento da ADoP tem 15 anos de experiência como agentes de controlo de doping e já fez parte dos quadro médicos da FPF, tendo trabalhado com a selecção nacional feminina na altura treinada por José Augusto.

A conduta dos elementos da equipa antidopagem foi considerada irrepreensível pelas fontes contactadas pelo DN. Segundo os dados recolhidos, nenhum elemento da equipa clínica da federação se mostrou contra a presença da equipa liderada por José Madeira da Silva, até porque a FPF tem por hábito requerer controlos antidoping durante os estágios das suas equipas. Por isso, a chegada à Covilhã no dia 16 de Maio, de manhã, dos elementos da ADoP não provocou qualquer reacção, excepto a do seleccionador Carlos Queiroz, que foi acusado pelos médicos de ter tido um comportamento incorrecto e utilizado uma linguagem insultuosa. No inquérito entretanto aberto e conduzido pelo Instituto do Desporto de Portugal já foram ouvidos diversos elementos da selecção, estando agora o documento na posse da Federação Portuguesa de Futebol.

Advogado de Queiroz calado

A direcção da federação deve discutir até ao final desta semana a situação provocada pela atitude do técnico, que pode, inclusivamente, incorrer em despedimento com justa causa. Contactado pelo DN para comentar o tema, o advogado de Queiroz, Henrique Trocado, respondeu, por intermédio de um elemento do seu escritório, que "não falava sobre assuntos processuais". Provavelmente estará a aguardar que o seleccionador termine as férias no estrangeiro.

Certo é que a maioria dos elementos da direcção da FPF quer que o presidente Gilberto Madaíl discuta uma rescisão do contrato com o treinador. Fonte DN por Carlos Ferro e Duarte Ladeiras

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