Actualidade: Volta Scolari (Crónica Record)


Os portugueses têm um péssimo defeito: quando as coisas começam a correr um bocadinho melhor, põem-se logo a exigir mais. Acham que o que se conseguiu ainda foi pouco. Assim aconteceu com Scolari. Perante resultados nunca alcançados pela Selecção portuguesa, qual foi a reacção de muitas pessoas e vários comentadores? Que, com os jogadores que tinha, Scolari não fazia mais do que a sua obrigação. “Com aquele conjunto de vedetas, só faltava que ele não obtivesse resultados!” – era o que se dizia.

Pois bem: a realidade está à vista. Está bem à vista o que este conjunto de vedetas é capaz de fazer!

Dois gestos dão a imagem da Selecção portuguesa no jogo de há oito dias com o Brasil: Carlos Queiroz deitando as mãos à cabeça depois de o Brasil marcar um golo e Ronaldo abanando os braços sempre que perdia a bola, como se a culpa fosse de outros.

De Queiroz, eu já disse o que tinha a dizer: não é um líder, é um bom número dois. De Ronaldo é preciso acrescentar o seguinte: vendo o jogo da semana passada, custa a crer que ele esteja entre os candidatos a “melhor jogador do mundo”. Qualquer dos brasileiros que estiveram em campo, com destaque para Robinho e Kaká, jogou infinitamente melhor do que ele. A sua exibição foi confrangedora.

Nesta Selecção portuguesa, já nem Deco consegue pôr ordem na casa. Assim, a recuperação parece impossível. Queiroz perdeu o controlo da situação (se é que o teve alguma vez) e Ronaldo tem de desapertar a braçadeira de capitão (que nunca devia ter usado).

Como escrevi no primeiro artigo desta coluna, não percebo nada de futebol; mas a intuição normalmente não me engana. Fonte Record por JOSÉ ANTÓNIO SARAIVA

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