Da Suíça para o Mundo: só um contra o outro. Ronaldo e Messi no mano a mano em pleno estado puro, sem escudos nem protecções, sem a vantagem de uma estratégia trabalhada todos os dias. Sem a arma da filosofia catalã ou a protecção da grandeza merengue.
Quarta-feira o desafio é corpo a corpo. Ambos partem, só com com o génio nos pés. Neste Portugal-Argentina são obrigados a tirar o pé fora de água: o sucesso depende apenas do talento. «É uma situação complexa, em que o talento mais se sente desprotegido», diz António Simões.
O antigo internacional olhou para os números de Messi e Ronaldo com o Maisfutebol e fala de «um contexto difícil». «É mais fácil ser um talento nos clubes do que nas selecções. Há um trabalho diário, um conhecimento, uma estratégia colectiva que destaca o génio de quem realmente o tem.»
«Messi será recordado com o Di Stéfano do séc. XXI»
Por aí se explica muito do défice de produção com as cores nacionais. São números sintomáticos. Nas duas últimas épocas, por exemplo, Messi fez 86 jogos no Barcelona e marcou 87 golos, a uma média de 1,011 golos por jogo. Na selecção fez dez jogos e marcou um golo: média de 0,10 golos por jogo.
Ronaldo anda por lá perto, também. No Real Madrid realizou 70 jogos e marcou 66 golos, com uma brilhante média de 0,94 golos por jogo. Com as quinas ao peito, realizou 13 jogos e fez 3 golos, baixando a média para 0,23 golos por jogo. Desde que subiram a selecção principal, a nota é esta.
«Acho que é um fenómeno cultural e estrutural. São jogos diferentes e provas diferentes. A abordagem é outra. Muitas vezes os jogadores jogam ao domingo, viajam à segunda-feira, fazem um treino na terça e jogam na quarta. Estão sob uma exigência de grande complexidade e desprotegidos.»
«Mais que Messi, Ronaldo é o Di Stéfano do séc. XXI»
António Simões diz que o público exige que Ronaldo seja sempre Ronaldo e Messi seja sempre Messi. Os próprios adversários esperam isso deles. Mas não são. «Por isso nos tempos recentes as grandes selecções são aquelas que têm uma clara matriz herdada de um clube. Não há milagres.»
A Espanha campeã da Europa e do Mundo é um exemplo claro: traz vários jogadores do Barcelona. Portugal também o foi no Euro 2004, herdando a matriz do F.C. Porto campeão europeu. Ou a Alemanha de 2002 que se formou a partir do Bayer Leverkusen finalista da Liga dos Campeões.
Por isso, lá está, quarta-feira é um jogo novo. Não é igual a nada. São dois génios no estado mais solitário. Eles que insistem em escrever uma história em paralelo. Estrearam-se, por exemplo, ambos com apenas 18 anos: Messi tinha 55 dias em cima dos dezoito anos, Ronaldo já levava mais 196 dias.
Logo a seguir foram chamados para uma grande prova, no caso do português o Euro 2004 e no caso do argentino o Mundial 2006. O primeiro golo aconteceu aliás nessas provas. Quando ainda eram quase adolescentes. À medida que o entusiasmo cresceu à volta deles, a produção na selecção caiu.
Em Genebra sobem ao relvado ssó eles, e o talento. «O Messi nasceu assim. É só talento. Ronaldo é trabalho e talento.» Para terminar, e porque Simões é um conterrâneo, qual é afinal o Di Stéfano do séc.XXI? «Nenhum. Di Stéfano era diferente. Nenhum deles consegue mudar uma equipa como ele mudava.»
A palavra pertence-lhes.
Fonte Site MaisFutebol
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1 comentários:
Es muy difícil que aparezca un nuevo Di Stéfano......
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