Actualidade: Entrevista a Duda "Por Portugal jogo em qualquer lugar" (Correio da Manhã)

Duda (Foto © Luís Forra/Lusa)

Médio ofensivo elogiou Carlos Queiroz e deixa perceber que faltou mais atitude a Portugal no jogo do Brasil. Entende que a Selecção está a construir espírito de equipa, da qual quer fazer parte apesar de não ser lateral-esquerdo de origem. Mas quer é jogar


Correio Sport – Foi titular a defesa-esquerdo no jogo com a Finlândia, apesar de ser médio. Estranhou o lugar?

Duda – Não é uma posição que me seja desconhecida, muito embora não seja aquela a que estou mais habituado no meu clube [Málaga]. Mas por Portugal jogo em qualquer lugar, a bem do grupo e das ideias do treinador. O importante é jogar. Não me sinto desconfortável a jogar como lateral-esquerdo.

– Então como se sentiu frente à Finlândia?

– Nervoso de início, o que é normal, pois estreava-me a titular e não jogava nesse lugar há algum tempo. Com a confiança, cresci no jogo, e penso que me correu bem.

– Qual foi a mensagem que o seleccionador passou, após a goleada que Portugal tinha sofrido no Brasil (6-2)?

– A mensagem foi a de dar tudo por esta camisola e honrar o País. Disse-nos que jogar por Portugal é um sentimento muito especial e representar o País é um orgulho. E transmitiu-nos muita confiança.

– Maniche disse que faltava espírito de equipa. É isso que os jogadores estão a tentar construir?

– Sim, é preciso construir espírito de equipa, que ficou abalado com essa goleada, o que é normal. É preciso que haja sempre comprometimento dos jogadores com a Selecção, e penso que é isso que o seleccionador procura.

– Esteve no jogo do Brasil. Como foi aquela derrota digerida?

– Dolorosa, mas se por um lado foi um resultado que magoou, por outro obrigou-nos a ser mais fortes, a tentar crescer como equipa e a mostrar maior coesão. Perder por 6-2 com o Brasil não é normal.

– E o que falhou?

– Prefiro pensar em esquecer o passado e corrigir os erros. Penso sempre que quando não se corre o suficiente não se pode ganhar, mas algo mais correu mal.

– Portugal não levou o jogo tão a sério quanto devia?

– Pode ter sido isso também. Era um particular, mas ficou na memória e é para não repetir.

– Passa pela cabeça dos jogadores não estar no Mundial de 2010?

– Não pensamos nisso, porque há ainda confrontos directos e tudo se vai resolver no fim. Temos tempo para corrigir os erros e estamos cientes de que é preciso mudar, como mostrámos na quarta-feira, com espírito de sacrifício e, claro, a ajuda dos nossos adeptos.

– Depois de começar a conquistar a titularidade na Selecção, voltar a jogar em Portugal é uma hipótese?

– Já tive ofertas de grandes clubes portugueses, mas o futebol em Espanha está mais forte e decidi ficar aqui. No início desta época e há dois anos tive ofertas, mas o Sevilha estava numa senda ganhadora e decidi ficar. O Sevilha já é um grande clube que em Portugal lutaria pelo título.

– Mas passar do Sevilha para o Málaga não foi um passo atrás. O que o fez tomar essa decisão?

– Em equipas como o Sevilha já há uma grande rotação, pois a equipa está envolvida em várias frentes e um jogador, por vezes, não alinha com regularidade. Eu queria jogar sempre e por isso fui para o Málaga.

– A falta de esquerdinos no futebol português é uma vantagem para si?

– É um problema em quase toda a Europa. Pode ajudar-me a conquistar um lugar.

– Sentiu-se esquecido por Scolari?

– Quando não se vai à Selecção, podemos sentir-nos sempre um pouco esquecidos, mas foram os jogadores que Scolari entendeu como as melhores opções. Há que aceitar e não baixar os braços.

– Pensa que ganhou o lugar na selecção nacional?

– Não, não penso. Não pode nem deve haver lugares cativos na Selecção. Devem jogar os que estão melhor em cada momento.

– Como é Carlos Queiroz?

– É um treinador muito estudioso, que prepara tudo ao pormenor. Ele não olha a nomes, e isso pode trazer os resultados que todos procuramos para a Selecção.

– Sente-se agora mais acompanhado pela Federação?

– Sempre tive acompanhamento desde as camadas jovens, mas agora conto mais para o ‘mister’. Queiroz talvez esteja a controlar mais os jogadores de equipas de média e pequena dimensão da Europa.

– Na Liga portuguesa, quem gostava que fosse campeão?

– O FC Porto, clube onde gostaria de jogar. A minha família é do clube e eu vivo ao pé do Dragão quando estou em Portugal.

– E quem é o principal candidato ao título na Liga?

– O FC Porto. Tem jogadores de enorme qualidade, como Bruno Alves e Lucho.

– O FC Porto defronta o Atlético de Madrid para a Liga dos Campeões. Quem é o favorito?

– O FC Porto, até porque tem a possibilidade de resolver a eliminatória em casa na 2ª mão.

– Onde estão os pontos mais fortes e mais fracos dos espanhóis?

– A defesa é o sector mais frágil, desde as faixas até ao centro. Do ataque vem o maior perigo, com Simão, Maxi Rodríguez e os pontas-de-lança Kun Aguero e Forlán.

– O seu futuro passa por Espanha?

– Sim, em princípio assim será. Regresso ao Sevilha, pois tenho mais um ano de contrato com o clube.

– Joga em Espanha, já defrontou Messi. Entre o argentino e Cristiano Ronaldo, quem é o melhor?

– O Cristiano. É português, e a votação para melhor do Mundo diz tudo.

– Qual deles é mais difícil de marcar?

– Os dois. Nunca se sabe o que vão fazer com a bola e para que lado vão virar-se. E têm um controlo de bola em velocidade espectacular.

– Qual foi o momento mais difícil que já viveu no futebol?

– A morte do meu companheiro Antonio Puerta [desmaiou em campo no Sevilha-Getafe e morreu três dias depois, a 28 de Agosto de 2007, vítima de paragem cardíaca]. Pensamos sempre, de facto, que uma coisa daquelas não pode passar-se.

– Já sentiu medo de que pudesse acontecer consigo?

– Às vezes pensamos, mas o melhor é tirar isso da cabeça.

PERFIL

Sérgio Paulo Barbosa Valente, ou apenas Duda, como é conhecido no mundo do futebol, nasceu a 27 de Junho de 1980 (28 anos), no Porto. O médio ofensivo – que no jogo da Selecção na quarta-feira actuou a defesa-esquerdo – começou a jogar no V. Guimarães, tendo depois prosseguido a carreira em Espanha. Em 1999, assinou pelo Cádiz, a que se seguiram Málaga, Levante e Sevilha. Actualmente defende as cores do Málaga, por empréstimo do clube andaluz. O jogador já conta com quatro internacionalizações.

Fonte Correio da Manhã por Nuno Miguel Simas

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