Actualidade: Entrevista de Edinho ao jornal Correio da Manhã


Uma das surpresas de Carlos Queiroz na fase de apuramento – Edinho insurge-se contra as críticas e lembra ser o melhor marcador português no estrangeiro a seguir a Cristiano Ronaldo.


Correio Sport – Os festejos devem ter sido bem mais efusivos no balneário do que no relvado...

Edinho – Sim, toda a gente estava contente, efusiva, pois para alguns, como é o meu caso, esta é a primeira oportunidade de estar num Mundial. Assim que descemos do autocarro, começámos todos a cantar ‘Feeling’, a música dos Black Eyed Peas, que é a nossa música de praxe. Ficámos a conversar e a comemorar. Foi bonito.

– Individualmente, a festa podia ser melhor se tivesse aproveitado aquela oportunidade, concorda?

– Desmarquei-me e fiz o movimento para atacar a bola, mas o meu pé de apoio escorregou e, como vinha aos saltos, não a apanhei como queria. Foi pena, sempre era mais um golo, importante na procura do meu espaço na Selecção.

– Há quem diga que o jogador nacional só é valorizado quando mostra qualidades noutras Ligas. É mesmo assim?

– No meu caso deu certo, pois em Portugal não tive a oportunidade que merecia e que outros tiveram. Felizmente, vim para fora e as coisas correram bem. Tenho consciência de que me criticam mas, bem ou mal, tenho 2 golos marcados em cinco jogos, tantos como Liedson, que é um futebolista de grande qualidade.

– Porque diz que é tão criticado?

– As pessoas não me dão o devido valor e ainda no dia do jogo fiquei a saber que um comentador televisivo afirmou que eu, Fábio Coentrão, Miguel Veloso e Duda não tínhamos estaleca para estar no Mundial. Será que jogando na melhor Liga do Mundo, após ter estado no AEK, onde tínhamos jogos com 65 mil pessoas nas bancadas, não tenho essa estaleca de que falam? Mas o tiro saiu pela culatra a essas pessoas que estão a mais no futebol. Vou continuar a trabalhar com humildade, como até aqui, para lhes mostrar que não é desta maneira que fazem esmorecer a minha vontade.

– Pensa que o facto de nunca ter jogado num dos grandes poderá estar na origem dessas críticas?

– Se calhar respeitavam-me mais se tivesse jogado num dos grandes. Evoluí muito desde que saí de Portugal, e é isso que as pessoas não entendem. Tenho tido sucesso nos clubes por onde passei, mas a informação não chega aqui, as pessoas só tomam aquilo que vêem. Tinha pouca visibilidade e paguei por isso. No Málaga, onde cheguei com duas semanas de atraso, já sou também o melhor marcador com dois golos. Ninguém quer saber disso, mas sou o português a jogar no estrangeiro com mais golos marcados, a seguir ao Cristiano Ronaldo.

– Há rumores de que pode vir para o Sporting em Janeiro. Há contactos nesse sentido?

– Já me chegou ao ouvido que se estava a falar disso, mas não sei nada. Vou perguntar ao meu empresário, Jorge Mendes, para saber se isso tem algum fundamento. Trabalhei com Carvalhal no V. Setúbal e atingi um alto rendimento. Depois disso, reencontrámo-nos na Grécia. Fiquei contente por ele, o Sporting deu-lhe uma oportunidade que ele já merecia há muito tempo.

– Se o interesse se confirmar, gostava de jogar no Sporting?

– Obviamente, gostava de voltar a jogar em Portugal, ainda por cima no Sporting, ao lado de Liedson. Estou bem em Málaga e tenho mais três anos de contrato, mas nunca se sabe.

– É verdade que foi contactado pelo Benfica, antes de sair do V. Setúbal?

– Houve contactos antes de eu ir para o AEK. A seguir a um jogo em que derrotámos o Benfica e eu marquei um golo, os dirigentes do Vitória comunicaram-me esse interesse. Mas depois seguiu-se um período de impasse e preferi aceitar a proposta do AEK, que era muito superior à que tinha. Fui com mágoa, mas tranquilo.

– A Selecção continua a revelar problemas na finalização. Como reagem os avançados às críticas?

– Toca-nos, porque vemos outros países, como a Bósnia e a Dinamarca, apoiar os seus jogadores do princípio ao fim, mesmo quando as coisas não estão a sair bem. A nós, colocam-nos rótulos.

– Portugal é um dos favoritos no Mundial?

– Prefiro não dizer isso explicitamente, mas temos uma palavra a dizer.

PERFIL

Arnaldo Edi Lopes da Silva nasceu em Aveiro, a 7 de Julho de 1982, e iniciou a carreira futebolística no Vitória de Setúbal na época 1999--00. Além dos sadinos, representou Almada, Barreirense, Braga B e Braga, Gil Vicente e AEK de Atenas, antes de chegar ao actual clube, Málaga. Na Selecção, mereceu a confiança de Carlos Queiroz este ano, tendo-se estreado em Março frente à África do Sul. Nessa noite, provocou o autogolo que deu início à vitória lusa. Fonte Correio da Manhã por António Pereira


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