Actualidade: Análise de Joaquim Rita (RTP)


Na caminhada para a África do Sul, entre as selecções europeias, apenas França e Portugal esbracejam com embaraços inesperados para garantirem a viagem, embora teime em pensar que ambas estarão na fase final do «Mundial 2010», a menos que um estúpido sorteio no play-off (entre os oito melhores 2ºs classificados) nos emparelhe com os «galos». Longe vá o agoiro, até pela (triste) sina que temos de ser empurrados pelos «bleus». Chegar ao 2º lugar no grupo será o nosso passo seguinte.


Já com dez selecções apuradas, para lá do anfitrião (Brasil, Paraguai, Inglaterra, Espanha, Holanda, Austrália, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Japão e Gana), é no grupo sul-americano que se concentram toneladas de angústia face ao risco de a Argentina ficar sem bilhete. Sob o comando de Maradona, a «celeste» tem decepcionado, ocupando um modesto 5º lugar com 22 pontos em 16 jogos (6 vitórias, 4 empates e 6 derrotas) e com um denso pelotão de perseguidores, composto pelo Uruguai e Venezuela (21 pontos) e Colômbia (20), quando se sabe que são apurados os 4 primeiros do grupo e o 5º classificado disputará uma repescagem com o 4º da Zona Norte, Centro América e Caribe.

Compreende-se o desassossego de perto de 40 milhões de almas, incrédulas com o desempenho do «rei» Maradona e do seu extensíssimo séquito, composto por nada menos de 41 - sim, 41! - jogadores já utilizados, incluindo no role o benfiquista Di Maria. Há alguma (ou muita...) legitimidade para o rebuliço que se estende de Buenos Aires a Mar del Plata, de Córdova a Tucumán, de Rosário a Mendoza, tendo em apreço o seguinte:

- o valor facial da escola argentina;

- o potencial dos jogadores seleccionáveis;

- a presença de Messi como «homem do leme»;

- a liderança entregue ao «Deus Maradona»;

- a antecipação do Brasil na reserva da viagem, ocorrida em Rosário (1-3) no passado dia 5.

Definitivamente: são imensas as razões que concorrem para as dores de alma do povo argentino, incapaz de admitir, mesmo por hipótese académica, que pode ficar excluído da gala sul-africana. Embora tão distantes, há, esta altura, algo que aproxima Portugal da Argentina: o receio - ou será medo? - que um qualquer acidente de percurso nos impeça a viagem até à terra de Nelson Mandela. Um «Mundial» sem Ronaldo e Messi seria sempre um «Mundial» menor. Como eu compreendo os argentinos!
Fonte RTP por Joaquim Rita

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