Ao surpreendente empate (0-0) com a Albânia, em Braga, seguiu-se a goleada (6-2) sofrida no Brasil. Carlos Queiroz ficou a saber com quem podia ir para a selva, como o próprio anunciou depois do jogo em Gama, e agora prepara os dois próximos compromissos, em Fevereiro, contra a Finlândia, que serve de preparação para o jogo decisivo de Março, diante da Suécia, de qualificação para o Mundial'2010. Em entrevista a O JOGO, o seleccionador nacional assumiu a culpa pelos maus resultados, mas continua a acreditar no apuramento. Mais: confia que o projecto de quatro anos tem pernas para andar.
Até que ponto o contrato de quatro anos com a Federação aguenta alguns maus resultados e a exclusão do Mundial'2010?
No final não quero ser julgado pelos meus atributos, quero ser julgado e apreciado pelos resultados. Não quero ser diferente dos outros treinadores. Mas isto de treinar a selecção às vezes transforma-se num homem contra a Nação e a Nação contra um homem. Como não tenho uma base de adeptos… E ainda por cima é mais fácil "bater" sendo um seleccionador nacional português. Se eu de repente começar a falar noutra língua, talvez as pessoas sejam mais generosas. Talvez isso acontecesse se eu falasse espanhol, inglês ou português com sotaque… Mas nem todos os adeptos portugueses têm a memória curta daquilo que eu fiz pelo futebol português e daquilo que tenho feito ao longo da minha carreira.
O que lhe pediu Gilberto Madail?
Pediu-me para, a curto prazo, dirigir e preparar a Selecção Nacional para os grandes objectivos das qualificações, e a médio e longo prazo pôr em prática um plano para ter um grupo de elite de jogadores que estejam preparados para representar a Selecção Nacional. O Doutor Madail foi muito claro e analisámos em conjunto a situação. Sabíamos que só tínhamos um jogo de preparação, dois dias de treino e vamos a isto que é preciso ganhar pontos para ir ao Mundial'2010. É o que estamos a fazer. O que não temos é o Mundial'2010 em Portugal. Se isso acontecesse, teríamos dois anos de preparação, iríamos fazer 17 ou 18 jogos amigáveis e estaríamos automaticamente apurados. Mas não é isso. Vou dar este dado: desde o dia que peguei na Selecção e até ao último dia de qualificação, a Selecção vai fazer menos jogos do que Portugal teve desde o primeiro dia até entrar no Euro'2004. Vamos ter 10 jogos de apuramento e sete amigáveis. São menos do que os jogos de preparação que houveanteriormente…
Mas já sabia isso quando aceitou…
Correcto. E depois de aceitar tinha duas opções: ou optava pela atitude de bebé chorão e a arranjar desculpas, mas nunca foi essa nem nunca será a minha atitude, ou arregaçava as mangas e aceitava os desafios. Optei por esta segunda via e agora resta-me encontrar soluções para consolidar a equipa, trabalhar os jogadores e o sistema táctico e as variantes tácticas para que a equipa possa ganhar. Fonte O Jogo por Manuel Casaca
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